O presidente da Câmara Nacional de Arbitragem Trabalhista, José Affonso Dallegrave Neto, participou de um painel sobre reforma trabalhista no XIII Simpósio Nacional de Direito Constitucional, realizado pela Associação Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst).

“Crise é a palavra em voga. É um momento perigoso, mas também um momento decisivo, como o do paciente que está em coma e que caminha para uma de duas alternativas: morrer ou recuperar-se”, afirmou Dallegrave.
O advogado lembrou que o Brasil tem 1.267 faculdades de Direito, um número superior às 1.110 faculdades existentes no resto do mundo todo. “Não há trabalho para todos”, destacou. Dallegrave também citou a tecnologia, a fusão dos escritórios e a modernidade líquida descrita por Zygmund Bauman como elementos que compõem a crise da advocacia.
Nesse cenário hodierno de pós-verdades e poucas certezas, os advogados precisam descobrir sua versão 4.0, sendo cada vez mais objetivos. “Vivemos o paradoxo de almejar o isolamento e, ao mesmo tempo, de buscar o pertencimento, a integração em uma tribo urbana”, prosseguiu.
Para o conferencista, o mundo sempre se modificou, mas a novidade é a velocidade da transformação. “Temos o que Gilles Lipovetsky descreveu como hipermodernidade e isso afeta o mundo jurídico”, ressaltou.

O profissional com esse perfil precisa lançar mão dos recursos de legal tech, da jurimetria, do networking. “Não podemos ser commodities, mas também não temos como nos sustentar somente pela grife e pelo luxo do escritório. Temos múnus público. Gostem ou não de nós, somos indispensáveis à administração da Justiça”, afirmou.
A receita, preconizou, é fazer aquilo que a inteligência artificial não consegue fazer tão bem quanto os humanos: ser criativo, otimista e estratégico. Bem disse o sociólogo Domenico de Mais: os tempos são de menos “hands” (mãos) e de mais “head”(cabeça) e “heart” (coração).